Carol Primo Psicóloga

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Tudo Tem Seu Remédio

Tudo Tem Seu Remédio

O título desse artigo remete a um ditado antigo que tem o sentido de que todos os problemas têm solução. Nos apropriamos do ditado para desenvolver uma reflexão sobre a medicalização da infância e da adolescência. O termo medicalização está sendo usado aqui no sentido do uso excessivo de remédios psicotrópicos (aqueles que são usados para tratar doenças mentais) por crianças e adolescentes. Pode parecer que existe um consenso sobre a necessidade de medicar crianças e adolescentes. Apesar de atualmente a tendência ser a favor do uso de remédios, tal consenso está longe de existir.

O uso de psicotrópicos na infância e adolescência cresce juntamente com os novos diagnósticos nessa área. Esse fenômeno precisa ainda ser mais profundamente estudado e compreendido. Podemos levantar as seguintes perguntas: será que nossos filhos estão realmente mais doentes? Será que todas as doenças precisam ser tratadas com remédios? Não temos ainda uma resposta final para essa questão.

Pensando nos diagnósticos, podemos levantar algumas hipóteses: o aprimoramento dos manuais diagnósticos e o desenvolvimento da Psicologia, Medicina e ciências da saúde em geral levam a um maior número de diagnósticos. Outra possibilidade: tanto os convênios de saúde quanto o Sistema Único de Saúde (SUS) requerem uma série de dados e comprovações da necessidade de tratamentos e encaminhamentos, o que também leva a um maior número de diagnósticos. Também podemos pensar na maior procura pelos serviços de saúde mental, o que leva ao diagnóstico de casos que não seriam tratados no passado por falta de acesso a profissionais habilitados e à informação.

Já sobre o uso de remédios, afirmamos que em muitos casos eles são necessários e trazem benefícios reais à criança/ao adolescente e, muitas vezes, à família como um todo. O que questionamos é o uso exagerado de medicações. Remédios costumam ter efeito mais rápido do que psicoterapia, mas não substituem o processo terapêutico. Vale ressaltar que nem todos os casos que precisam de tratamento psicológico, requerem o uso de medicação. Mesmo nos casos que requerem uso de remédio, é comum a parceria entre medicação e psicoterapia.

Sabemos que psicoterapia leva tempo e investimento de afeto, tempo e dinheiro e que o remédio pode parecer uma solução mais rápida e mais barata. Mas não existe mágica (os remédios também não são mágicos). O tratamento de um/a filho/a requer empenho e uma boa dose de reflexão sobre o papel dos pais nesse tratamento. O processo de tratamento pode ser árduo, mas é necessário se implicar na condição de saúde mental do/a filho/a.
 
Por fim, em caso de necessidade, é fundamental consultar um profissional capacitado na área da saúde mental. Jamais iniciar ou parar o uso de remédios sem supervisão de um/a médico/a com boa formação na área.

Por: Carol Primo Psi

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