Quando nasce um bebê nascem também seus pais. Ninguém nasce sabendo. Se pensarmos no bebê isso fica muito evidente. É um ser totalmente dependente que conforme se desenvolve aprende novas coisas diariamente. E no caso dos pais? Isso é em parte verdade. Espera-se que ambos tenham um repertório de habilidades, conhecimentos e manejo das emoções minimamente compatível com a função paterna ou com a função materna. Mas não se espera que eles saibam tudo. Ao menos isso não deveria ser esperado. Obviamente é impossível.
Essa reflexão não é somente para pais de primeira viagem. Por mais que a experiência com o primeiro/a filho/a possa ser usada como aprendizagem para lidar com o/a segundo/a filho/a, por exemplo, o/a segundo/a filho/a é um novo bebê e os pais são, de novo, novos pais. Outra situação. Outro momento de vida. Acrescentamos à nossa reflexão a situação vivida por pais adotivos, estes também passarão pela experiência de terem que conhecer o/a novo/a filho/a.
Cada nascimento é uma nova experiência e cada experiência levará ao conhecimento de um novo ser humano que vem ao mundo dos pais. Levará também ao redescobrimento de si.
E quando começa essa experiência? No nascimento? Na gestação? Na adoção? Na chegada em casa? Antes de tudo isso, quando a criança é sonhada? Parece tentador categorizar, mas provavelmente a experiência da maternidade/paternidade tenha diferentes inícios para cada pessoa. Para cada momento de vida.
O que parece ser comum a várias pessoas é que esse bebê seja sonhado antes de nascer. O período de gestação, a expectativa do/a filho/a que vai chegar, tudo isso tende a ser vivido com intensidade na mente dos pais. As vezes o sonho é prazeroso, as vezes é pesadelo. Sonha-se com a vida, com os desejos, medos, angústias, com os projetos não realizados, com o potencial de uma nova vida.
Os pais sonham com o bebê e sonham com quem eles se tornarão com a chegada do/a filho/a. Como será a nova vida que passarão a ter? Será que conseguirão dar conta de cuidar de uma nova vida? Como ficará a rotina, o trabalho, o dinheiro? Como serão as noites? Como ficará o casamento? Serei capaz de criar um/a filho/a sozinha/o? Será que ele/ela será igual aos pais biológicos ou será que é o ambiente que conta? E tantas outras perguntas que variam tanto quanto as vidas de cada um de nós. O bebê é gestado fisicamente assim como é gestado na mente dos pais. O/A filho/a se desenvolve enquanto os pais esperam a adoção.
A chegada do/a filho/a não encerra o sonho. Serão tantos outros sonhos. Tantos outros pesadelos. A vida se encarrega de trazer novas situações e dizer sim e dizer não aos sonhos. E mesmo sonhos que se encerram podem gerar novos sonhos. Para o/a filho/a é importante ser sonhado/a, pertencer ao desejo dos pais. Saber-se querido é uma necessidade humana. Mesmo que depois ele/a não realize os sonhos dos pais, é importante ter sido sonhado.
Por: Carol Primo Psi
28/11/2024
Que texto lindo e sensível