Provavelmente a primeira coisa que se pensa ao ler o título desse artigo seja a separação de um casal e as mudanças que isso traz para a família. O tema é importante. Mas falaremos de outro tipo de separação. Falaremos das pequenas e grandes separações pelas quais pais e filhos passam ao longo da vida. Uma relação tão íntima quanto a relação pais-filhos é destinada ao afastamento progressivo. E é melhor que seja assim.
Melhor? Sim. A relação pais-filhos que se mantém com pouca mudança ao longo dos anos resulta em adultos que não saem da adolescência e de pais que não deixam de ser responsáveis por seus filhos (o fenômeno é chamado de adultescência por alguns psicanalistas). A não separação é problemática, mas as progressivas separações que fazem parte da vida de mães, pais e filhos costumam ser um misto de alegria e dor.
Vamos a alguns exemplos. Primeiro dia de escola; primeiro/a namorado/a; dormir na casa da tia/do tio, dos avós, do/a amigo/a, etc.; primeira viagem sem a família; casamento. São alguns marcos. Mas podemos pensar em outros. O parto (primeira grande separação entre mãe e bebê); as papinhas; a mamadeira; as primeiras palavras; o desfralde.
Os ganhos do desenvolvimento são uma conquista a ser comemorada, mas também são pequenas separações rumo à maior autonomia.
Como cada mãe e pai lida com isso, varia bastante. Desde os mais tranquilos até os mais protetores. Não existe uma regra universal que se aplique a todos os casos. De modo geral, conseguir equilibrar isso é o mais interessante. O problema é alcançar o equilíbrio, se é que é possível alcançar e manter a todo tempo o equilíbrio. A vida prática prova várias vezes que é impossível o equilíbrio constante.
O que é possível então? Provavelmente um olhar humanizador ajuda. Porque tanto mãe e pais quanto os filhos vivem emoções intensas quanto às separações. Não costuma ser fácil para nenhum dos envolvidos.
Mas se a relação pais-filhos for se desenvolvendo de forma predominantemente amorosa, a tendência é suportar as tensões e separações da vida em uma relação que se transforma e se adapta às diversas fases da vida.
Por: Carol Primo Psi