Carol Primo Psicóloga

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Reflexões Sobre a Morte e o Luto

Reflexões Sobre a Morte e o Luto

A morte é um fenômeno que faz parte da vida de todas as pessoas, com qualquer idade, de qualquer família. Tendemos a “esquecer” que ela existe. Mas volta e meia a morte ronda. Seja por doença ou pelo falecimento de um ente querido. Vivemos um momento histórico-cultural em que pouco se fala sobre a morte. Parece que fizemos um pacto silencioso de que a morte é um assunto proibido, a não ser que ele se imponha sobre nós. Mesmo quando ela se impõe, evitamos falar sobre ela, especialmente com crianças e adolescentes.

Cosméticos, intervenções estéticas, tinturas para cabelo, entre outros, são exemplos de ações que buscam adiar os sinais do envelhecimento (e da morte): rugas, flacidez, cabelos grisalhos. Que mensagem silenciosa enviamos às crianças e adolescentes com essas ações? Além disso, nas histórias de livros e filmes infanto-juvenis e desenhos animados quando a morte é retratada, não costuma ser definitiva.

Personagens “ressuscitam” com muita naturalidade. Logo, aquilo que é natural, a morte, fica pouco definida para crianças e adolescentes.
Quais seriam as consequências disso? Uma possibilidade é o prejuízo da construção do conceito de morte e da finitude.
 
Assim como outros conceitos da vida humana, a morte é um fenômeno que leva tempo para ser assimilado, daí a ideia de construção do conceito de morte. Ao longo da vida, nossas experiências são incorporadas em forma de memórias, emoções e representações psíquicas, que são usadas para o desenvolvimento e elaboração de diversos aspectos da nossa vida. Isso também ocorre com a forma como lidamos com a morte.

Se falar sobre a morte, mesmo quando ela ocorre, é algo proibido na família, como fica o desenvolvimento da compreensão do que é morte? Consideramos a infância como a base que será alicerce para o desenvolvimento psíquico ao longo da vida e a adolescência como um período em que o psiquismo infantil passa por uma transição até o psiquismo adulto.
 
Se a criança e o adolescente não podem falar sobre a morte e o pesar pela perda (luto) porque os adultos não suportam sua tristeza, com que condições afetivas e cognitivas lidará com a morte e o luto?

É através do diálogo e do acolhimento que se torna possível suportar sentimentos de tristeza e pesar. Não se trata de “martelar” o assunto, mas de não o tornar proibido. Trata-se, especialmente, de suportar a nossa própria dor em ver nosso/a/s filho/a/s sofrer/em. Trata-se da capacidade de cada um para lidar com os próprios lutos.

Talvez assim, na experiência do luto compartilhada, a tristeza possa ser transformadora e o luto possa ser um elemento de aproximação, não de isolamento.

Por: Carol Primo Psi

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