Carol Primo Psicóloga

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Privacidade na Era Digital

Privacidade na Era Digital

O tema privacidade na era digital está sujeito a vários enfoques. A ideia de escrever sobre esse tema surgiu a partir da superexposição de algumas crianças na mídia. O fenômeno a que temos assistido é de algumas crianças (e seus pais) que se tornam alvos de avaliação, crítica, elogio, e até mesmo ofensas, proferidas por pessoas que não as conhecem e não vivem com elas.
 
Assistimos a verdadeiros julgamentos do comportamento alheio. Logo cada facção toma partido, as pessoas consideram profundas conhecedoras da realidade alheia e todos achamos que temos algo de relevante a dizer sobre algo ou alguém.
Será que realmente temos condições de diagnosticar os acertos e erros dos outros pais e mães? Além disso: será que temos o direito de expor crianças e adolescentes dessa forma? Quanto à questão da exposição de menores de idade, o Estatuto da Criança e do Adolescente indica que eles devem ser preservados desse tipo de situação constrangedora. Quanto ao julgamento da conduta dos adultos, pensamos que isso pode nos levar a uma reflexão interessante.

Analisar o comportamento dos outros parece ser muito mais fácil do que fazer uma autoanálise. Olhar para si mesmo implica em deparar-se não apenas com nossas qualidades e acertos. Nos deparamos também com nossas falhas, medos, faltas. Vamos além: a autoavaliação pode nos levar a enfrentar aquilo que não queremos saber sobre nós mesmos. É mais fácil despejar sobre outras pessoas nossas frustrações e medos. Nosso convite é que cada um busque refletir sobre a relação que estabelece com seu/s filho/s.

É justamente nesse ponto em que passaremos da esfera da grande mídia para pensarmos em nosso comportamento em menores grupos nas redes sociais. O quanto crianças e adolescentes vêm sendo expostos em fotos e vídeos pelos próprios pais? (...e tios, e avós, padrinhos, madrinhas...). O quanto da intimidade deles é aberta para pessoas que pouco ou nada tem a ver com a vida deles? Temos dimensão do tamanho da exposição a que eles são submetidos? Com que direito os submetemos à essa exposição? Qual é o exemplo que eles têm a seguir ao verem os adultos por eles responsáveis se expondo sem pudores para quem quiser ver?

Longe de ser fácil, a resposta para essas questões provavelmente ainda precisa ser encontrada. Talvez não exista sequer uma resposta geral e definitiva para todas as situações.
 
Possivelmente a internet (especialmente as mídias sociais) tenha intensificado fenômenos humanos anteriores à sua existência como uma janela que abriu para o mundo ver aquilo que acontece dentro de nossas casas. Um questão a se pensar: o quanto queremos mostrar o interior de nossas casas e o quanto queremos espiar através da janela do vizinho?

Por: Carol Primo Psi

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