Em cada filho/a são depositados sonhos. São tantos desejos e projetos. “Quero que meu filho seja médico”. “Minha filha tem que ser bailarina”. “Meus filhos não mentem”. “Minha filha é a aluna mais inteligente da sua turma de escola”. E por aí vai. A princípio não há nada de errado em desejar coisas boas para os filhos. Também é bastante comum que os pais queiram que seus filhos realizem aquilo que por algum motivo eles não puderam realizar. É com orgulho que uma mãe/um pai escuta que seu/sua filho/a se destaca por alguma qualidade que ele/ela tem. Como foi escrito antes, não há problema nisso. O problema está nos exageros.
Tudo o que é perfeito é aquilo que não tem defeito, que está completo, sem nenhuma falha ou falta . Você conhece alguém assim? Eu também não. Talvez uma das características mais humanas seja justamente a falta. Somente porque não somos perfeitos e porque nossa vida não é completa que nos empenhamos, lutamos, aprendemos, criamos. Seres humanos são os únicos entes da natureza que são capazes de reconhecer sua imperfeição e, por causa disso, podemos voar mais longe. Literalmente. Somente um ser que reconhece não ter asas pode buscar uma outra forma para voar. O que isso tem a ver com criar filhos?
Seu/sua filho/a é perfeito/a? Sim? Pense bem. Um/a filho/a perfeito é aquele/a que não precisa de mais nada. Não precisa ser educado, corrigido, acalentado, amado. Não precisa aprender nada novo, não precisa crescer. É um/a forte candidato/a a ser uma criança mimada, um adolescente sem limites e um adulto profundamente infeliz. Pode ter certeza, o resto do mundo não concordará com o seu diagnóstico de perfeição.
Seu/sua filho/a é perfeito? Não, longe disso? Precisa ser corrigido/a o tempo todo, lembrado/a de seus defeitos, afinal, ele/a está longe de alcançar os altos padrões estabelecidos para ele/a? O bom e o melhor não são suficientes? Então seu/sua filho/a é um/a forte candidato/a a ser uma criança insegura, um adolescente deprimido e um adulto com baixa autoestima. Pode ter certeza, você não está enxergando que seu/sua filho/a realmente é.
Em nossas relações muitas vezes temos visões distorcidas das pessoas. Entre pais e filhos isso não é diferente. Ser capaz de ver quem o filho realmente é, não é uma tarefa fácil. Reconhecer qualidades e defeitos, ou melhor, as características de cada filho/a é um exercício diário e dinâmico que exige tempo, afeto e atenção. Exigências absurdas de padrões inalcançáveis levarão à frustração, uma vez que são inatingíveis. Enxergar perfeição será sempre enganoso, posto que não existe perfeição. Pense. Repense. Você realmente quer ter um/a filho/a perfeito/a?
Por: Carol Primo Psi