Carol Primo Psicóloga

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Narcisismo e Redes Sociais

Narcisismo e Redes Sociais

Muito se diz e se escreve sobre as redes sociais. Parece ser consenso a ideia de que mostramos nas mídias sociais aquilo que queremos que seja visto pelos outros. Geralmente nossa melhor imagem. Não necessariamente a verdade. Mas uma parte dela. Ou o que gostaríamos que fosse verdade.
 
Pouco se comenta sobre o que vemos quando navegamos em redes sociais. Poderíamos pensar sobre o que vemos dos outros, nossos contatos, mas nos dedicaremos a pensar sobre o que vemos de nós mesmos. Será que as redes sociais servem de espelho? Nesse caso, seria um bom espelho? O que ele reflete? O que esconde?

Se você iniciou a leitura desse texto acreditando que ele se dedicaria ao comportamento dos filhos na internet talvez fique decepcionado. Por mais importante que seja o tema, ele ficará para outra reflexão. Aqui trataremos a respeito do que os pais veem ao navegarem esses mares. Ou melhor, do que os pais não veem ao navegarem nesses mares. Talvez você se veja como uma mãe conectada com o mundo. Talvez se veja como um pai que está por dentro do que acontece na rede. Talvez se veja como alguém que usa as mídias sociais para vigiar os filhos. Talvez prefira manter certa distância delas.

Correndo o risco que as generalizações sempre trazem, pensamos que ao mergulharmos nas redes sociais a tendência é olharmos em um espelho em que vemos apenas a nós mesmos. Acreditamos ver a vida alheia através de uma janela indiscreta, mas o que realmente vemos? Nos atualizamos quanto à vida alheia, mas conhecemos de fato o outro? Escancaramos nossa intimidade familiar, mas damos atenção a quem está ao nosso lado? Falamos com quem estiver disposto a conversar sobre um momento capturado em imagem, mas estamos de fato presentes no momento vivido?

A ciência psicológica aponta que a criação de filhos se dá na relação pais-filhos. Nosso objetivo não é saudosista de um passado utópico. Tampouco é entusiasta de uma contemporaneidade ufanista. Há quem defenda que os valores tradicionais devem ser preservados ou mesmo resgatados. Esses costumam ser os detratores das redes sociais. Há quem queira abraçar o novo com toda a força sem refletir a respeito disso. Esses costumam ser os defensores engajados em todo tipo de manifestação via internet.
 
Não pretendemos tomar partido. Apenas constatamos aquilo que já acontece: muitos pais e mães são bastante ativos em suas redes de contatos sociais via internet. A questão talvez seja: os filhos “de carne e osso” estão sendo vistos? Como você se sente quando tenta conversar com alguém que interrompe a conversa para checar o celular? Com que frequência você faz isso com o/a seu/sua filho/a?

Propomos que você reflita sobre o uso que faz da internet. Reflita a respeito do que ocupa o seu tempo. A princípio não há nada de mal em ter um tempo para si. Quem foi que disse que todo tempo disponível dos pais deve ser usado com os filhos? Mas quanto tempo você dedica a se relacionar com seu/sua filho/a? O quanto você o/a conhece? O quanto você se deixa conhecer?
 
O uso das mídias sociais como refúgio da realidade pode impedir que você veja o filho real. Ao ver o espelho, Narciso só consegue olhar a si, mais ninguém.

Por: Carol Primo Psi

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