E viveram felizes para sempre. Só que não. Todo casamento passa por momentos bons e ruins. Às vezes, pelos mais variados motivos, o casamento termina. Para os casais com filhos uma preocupação é justamente como lidar com eles. Como e quando contar? Quanto falar? Como resolver questões de guarda? Como manter os laços familiares? São várias as respostas possíveis. E muitas vezes a prática pouco se parece com o ideal de como “deveriam ser” as coisas durante e depois do divórcio.
A regra não são as famílias de “fim de novela” em que todo mundo se entende e todas as diferenças são resolvidas. Os casais divorciados mantêm a amizade, o carinho e o respeito. Os filhos ficam “bem resolvidos” e sábios. Em um mundo ideal, os pais conseguem preservar o/s filho/s dos conflitos do casal e asseguram para ele/s o amor que sentem e o respeito à família. Casais se separam porque alguma coisa interrompeu o plano inicial. E mesmo que um dia as pessoas envolvidas fiquem bem, pelo menos inicialmente o comum é haver conflito, mágoa, disputa, angústia, sofrimento e, às vezes, alívio.
O casal que se divorcia vive o luto pelo casamento desfeito. Além disso, cada um precisa lidar com as mudanças em suas vidas e com as novas relações que se estabelecem com o/s filho/s. O/s filho/s também se vê/em diante de uma mudança importante em sua vida. Todos precisam se adaptar. Cada nova data significativa e comemorativa necessita tanto de novas formas de se passar por elas como reativam lembranças e sentimentos. Tudo isso leva tempo.
A verdade é que não existe resposta fácil. Existe a possibilidade de, com o passar do tempo, elaborar as perdas, reestruturar a vida, adaptar-se à nova situação. Mas não existe solução mágica. Cada membro da família poderá elaborar o divórcio da sua própria forma, de acordo com o sentido emocional que a separação tem para ele e com os recursos emocionais e cognitivos de cada um.
Como toda experiência importante na vida humana, é provável que os conteúdos psíquicos ligados ao divórcio passem por reedições de sentido ao longo da vida.
Somos seres em constante transição. Não existe um ser humano pronto. Existem pessoas em desenvolvimento constante e com funcionamentos psíquicos dinâmicos. A qualidade das relações tende a variar ao longo do tempo.
Se, apesar da separação e do luto, os sentimentos amorosos prevalecerem, é possível que as relações não se estraguem e que os pais consigam criar seus filhos de forma amorosa e saudável. O casal se divorcia, mas o par pai e mãe permanece ligado pelo/s filho/s.
Por: Carol Primo Psi