Enquanto os filhos estão sob nossa responsabilidade (sim, dando tudo certo, um dia eles cuidarão da própria vida de forma autônoma) cuidamos da saúde física deles, alimentação, educação, vestuário. A lista é extensa. Cuidamos (ou deveríamos cuidar) também da saúde mental deles. Paradoxalmente, quando falamos sobre saúde mental, a primeira coisa que costumamos pensar é a respeito das doenças mentais.
As psicopatologias existem e atingem também crianças e adolescentes. Um fenômeno que vivemos atualmente é justamente o grande número de crianças e adolescentes diagnosticados com doenças psíquicas. O artigo anterior (Tudo tem seu remédio) apresentou uma reflexão a respeito disso. O presente artigo enfoca como lidamos com o sofrimento dos nossos filhos e o que podemos fazer para ajuda-los.
Lidar com o sofrimento de um/a filho/a costuma ser doloroso para mães e pais. Cada pessoa acaba se relacionando com a situação de uma forma diferente. Pensamos em três possibilidades gerais (podem haver outras). A primeira: o sofrimento da criança/do adolescente angustia e leva mães e pais a consultarem profissionais da área da saúde como um meio de cuidar do/a filho/a. A segunda: muitas vezes mães e pais buscam diagnósticos como forma de diminuir a angústia, o que às vezes significa diminuição do sentimento de culpa pelo problema do/a filho/a (uma espécie de atestado de que não é culpa nossa).
A terceira possibilidade: mães e pais com dificuldade de suportar a angústia pelo sofrimento do/a filho/a minimizam a situação, não buscam ajuda e, por vezes falam coisas como “No meu tempo a gente passava por essas coisas e não acontecei nada”. Não pretendemos esgotar todas as possibilidades, mas ressaltar que comumente o sofrimento de um/a filho/a causa efeitos na vida das mães/dos pais. Sofrimento e pouca adaptação social não são sinônimos de doença mental, mas podem ser sintomas dela.
Na dúvida, um/a bom/a profissional da área da saúde (especialmente da área “psi”) é a pessoa mais indicada para avaliar se há necessidade de tratamento e se há diagnóstico de psicopatologia.
De forma geral, pensamos que estar próximo do/a filho/a e sensível para os sentimentos dele/a é uma forma de detectar a se há necessidade de buscar atendimento especializado. Costuma ser mais fácil se a comunicação foi cultivada desde o início da vida, mas sempre podemos investir em aspectos negligenciados da relação pais-filhos. Não pretendemos encontrar uma resposta final para essa questão.
Nosso objetivo é que a reflexão sobre um panorama mais amplo auxilie na reflexão pessoal sobre a forma como lidamos com a saúde mental de nossos filhos.
Por: Carol Primo Psi