Criar um filho não é fácil. Costuma ser uma aventura emocionante. Cheia de altos e baixos. Cheia de realizações, mas também de frustrações e insegurança. O sentimento de insegurança leva mães e pais buscarem orientações e respostas para suas dúvidas. São tantas as ideias sobre criação de filhos que às vezes a dúvida só aumenta. As propostas vão desde aquelas que usam o saber científico e as pesquisas até a sabedoria popular passada de geração para geração. Uma rápida pesquisa leva a uma constatação: as diversas linhas entram em conflito, não há uma definição única e definitiva sobre qual é o melhor jeito de educar filhos. Nossa proposta não é alcançar a resposta final, é sobretudo levar à reflexão. Entendemos que a maior percepção de si leva a uma melhor percepção do/s filho/s e de suas necessidades.
Comecemos com a palavra “criar”, no dicionário definida como “dar existência a; dar o ser a; gerar, produzir; originar; educar; inventar; fomentar, estabelecer, interpretar; [...] nascer, produzir-se; crescer, passar a juventude; dar existência a; dar o ser a¹”. Da concepção e gestação até a idade adulta são os pais (ou substitutos) que criam, promovem e facilitam a passagem de um estado de dependência absoluta para a autonomia. Do “nada”, da inexistência do/s filho/s ao clímax do desenvolvimento o papel dos pais é fundamental. Passam da dedicação total (ou quase) para progressivamente abrirem mão de seu protagonismo na vida do/s filho/s. Ou ao menos, assim acontece na maior parte das famílias.
São tantos os elementos que fazem parte da criação de filhos que a lista se estende ao infinito. Vamos refletir sobre um aspecto da convivência familiar: o amor. Palavra de difícil definição uma vez que cada pessoa carrega em si uma concepção pessoal sobre o amor. Há quem diga que só sabe o que é o amor quem é mãe/pai. Será? Exageros à parte, o amor entre pais e filhos pode ser o sentimento mais profundo de um ser humano. Dizemos “pode” pois não é só de amor que a relação com o/s filho/s mobiliza. Mas hoje estamos falando sobre o amor.
Amor de quem acorda de madrugada para ver se o/s filho/s está dormindo bem. Amor de quem fica acordado até a hora que o/s filho/s chega/m. Amor de quem explica várias vezes a mesma coisa, ensina repetidas vezes como comer, tomar banho, escovar os dentes, amarrar o tênis. De quem se cansa da rotina e sente saudades do/s filho/s quando fica um tempinho longe dele/s. Criar filho/s é em grande parte rotina e repetição. E é preciso uma boa dose de amor para repetir pela enésima vez que está na hora de dormir. Porque sem amor a rotina e repetição se tornam puro cansaço.
Não estamos sendo românticos. Sabemos que criar filho/s cansa, e como! Justamente por isso o amor é fundamental. Assim podemos nos cansar, nos frustrar, abrir mão de algo importante para nós em nome daquele/s ser/es que cresce/m em uma relação que está em transformação constante. Cada fase precisa de renovação. Cada situação precisa de uma resposta que não está pronta. A criação de filho/s depende do amor que nos dá coragem de enfrentar tantas situações inesperadas e, de alguma forma, sermos capazes de responder a elas.
Por: Carol Primo Psi