Filhos precisam de muitas coisas. Amor, alimentação, roupa, escola, dedicação, atenção, educação. Só para citar algumas coisas. A lista seria muito, muito longa. No momento focaremos na educação, especialmente na ação do/s adulto/s em relação ao/à filho/a que faz algo reprovável e que precisa da ação do/s adulto/s como forma correção. Usando termos mais populares, podemos falar em castigo, disciplina, bronca, etc. O tema engana: parece simples, mas é complexo e polêmico.
Vamos refletir sobre um assunto polêmico: castigos físicos. Parece consenso a ideia de que crianças e adolescentes não devem apanhar, ou “levar surra”. Talvez pareça relativamente fácil identificar quando um adulto exagera e maltrata seu/sua filho/a. Mais uma vez as aparências enganam. Não é nada fácil definir qual seria o limite hipotético entre a “surra” e a “correção”, para usar termos que ouvimos no dia-a-dia. Desde já fazemos questão de deixar claro que consideramos qualquer tipo de castigo físico como algo prejudicial.
Sabemos que muitos pais e mães bem intencionados usam castigos físicos acreditando que fazem bem aos filhos. Há quem use a própria vida como exemplo e diga que “não morreu porque apanhou” ou que “é melhor apanhar dos pais do que da vida”. Recorremos ao que a Psicologia tem a contribuir sobre o assunto. Não importa o tamanho da boa intenção, usar castigos físicos prejudica a relação pais-filhos e a educação das crianças e adolescentes. (Sem contar que é proibido por lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm).
Do ponto de vista da criança (e mesmo do adolescente) o castigo físico é uma ameaça real. A desproporção entre a força dos pais e a força da criança é muito grande. Imagine-se como pequeno, frágil e dependente. Agora imagine que a pessoa que deveria cuidar de você e te proteger bate em você. Qual é o sentimento? Traição? Humilhação? Medo? Sabemos que existem momentos que requerem maior firmeza dos adultos. O que procuramos é sensibilizar mães e pais sobre como seus filhos se sentem quando apanham (ou quando são ameaçados de apanhar).
Reconhecemos que a relação pais-filhos por vezes é tensa. Reconhecemos que mães e pais são “de carne e osso”. Mas isso não justifica os castigos físicos. Aliás, estudos apontam que, ao contrário da crença popular, punições físicas não são eficientes. Eles até podem causar alteração do comportamento, mas isso não significa que a criança ou adolescente passou por algum tipo de mudança interna (passou a pensar diferente, por exemplo).
Como educar então? Cultivar a relação, ser consistente e coerente nas orientações dadas aos filhos, reconhecer qual a fase de desenvolvimento que ele/ela está, conhecer o/a filho/a, olhar para ele/a e ouvir o que ele/a fala, identificar quais são as suas necessidades, saber que educação dá muito, muito trabalho e suportar as incertezas diante da vida, parecem ser atitudes que trazem melhores resultados.
Por: Carol Primo Psi