Carol Primo Psicóloga

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Como Ajudar uma Criança a Lidar com o Coronavírus

Como Ajudar uma Criança a Lidar com o Coronavírus

A pandemia do covid-19 nos levou a uma realidade inédita. Se por um lado temos uma enorme rapidez: da velocidade com que o vírus se espalha e da velocidade com que obtemos e divulgamos informações; por outro lado sentimos que as respostas para esta nova realidade são lentas. Queremos um remédio que resolva o problema. Algo que nos tire da angústia dos dias que estamos vivendo.


Mães, pais e cuidadores de crianças são colocados no papel de ajudá-las a lidar com a situação vivida: vírus altamente contagioso, quarentena, escolas fechadas, convívio social reduzido, escola e trabalho em casa, novas normas de higiene e prevenção. A tarefa pode ser difícil em alguns momentos, especialmente porque nós, os adultos, também buscamos respostas que não estão em nosso horizonte.


Este é o nosso ponto de partida. Em primeiro lugar, precisamos lidar com a nossa ansiedade. Ao entender o que nos deixa ansiosos fica mais fácil encontrar formas de lidar com isso. Para conseguir acolher uma criança é preciso ter condições de auto acolhimento. No dia a dia isso pode ser algo difícil de atingir o tempo todo, mas a auto-observação pode nos servir de guia para identificar quais são os nossos medos. O ideal é lidar com eles antes de falar com a criança.


Ao falar com a criança, o uso de linguagem acessível é fundamental. É preciso respeitar a fase do desenvolvimento em que a criança está e qual seu nível de desenvolvimento da linguagem. Podemos usar vários recursos: conversa, histórias, músicas, jogos e brincadeiras, por exemplo. Tudo isso é válido desde que usemos palavras e expressões compatíveis com as que a criança já usa e expliquemos o significado de palavras novas.


Formas lúdicas de comunicação são particularmente interessantes justamente porque são muito naturais para as crianças. Estão sendo veiculados vídeos, e-books, desenhos para colorir, etc. São bons recursos a serem usados. Além disso, podemos criar com as crianças nossas próprias histórias e brincadeiras. Tudo o que é criado junto com a criança tende a ter um significado especial para ela, o que facilita a assimilação do que está sendo construído na brincadeira.


Por isso, a espontaneidade e o uso das situações do dia a dia são de grande valia. Costuma ser mais fácil entender aquilo que vivemos do que entender coisas que estão distantes de nós. Quanto mais nova a criança, mais aquilo que queremos comunicar precisa se basear em situações concretas. Nesse sentido, o exemplo é fundamental. Não basta ensinar como lavar as mãos, é preciso que a criança veja o adulto lavá-las em seu dia a dia.


Falar a verdade é imprescindível. Crianças são muito mais observadoras do que os adultos costumam dar crédito. Aquilo que não é falado costuma ser preenchido com fantasias que, por vezes, causam sofrimento. A realidade que a criança vive pode e deve ser explicada para ela. Tentar esconder aquilo que ela vive pode deixá-la confusa e ansiosa. Conversar (falar e ouvir) de forma amorosa pode facilitar, e muito, a compreensão que a criança tem da realidade que vivemos.


Escutar o que a criança tem a dizer é uma forma de acolher suas emoções ao mesmo tempo em que a escuta é um meio importante de observação. A observação do que a criança diz, faz e brinca pode indicar suas necessidades. Por isso não falamos em regras fixas do que tem que ser feito para ajudar crianças na situação de pandemia e quarentena. Falamos em observar a criança e oferecer a ela aquilo que ela mostra ter necessidade no momento.


O que cada criança necessita pode variar de acordo com o momento. Pode também se repetir. Crianças, especialmente as pequenas, tendem a repetir brincadeiras, falas e comportamentos. Na situação de crise que estamos vivendo, isso também acontece. A própria crise, medos e angústias da criança podem fazer com que ela repita a mesma pergunta ou o mesmo comportamento por várias vezes. Precisamos ter paciência. A repetição pode ser usada como meio de assimilação e elaboração da realidade. A criança pode estar tentando se certificar que compreendeu bem a realidade ou mesmo estar tentando lidar com suas perdas e angústias.


Por fim, quanto mais a criança puder brincar, melhor. A brincadeira tem múltiplas caraterísticas, dentre elas a de elaboração dos sentimentos e assimilação da realidade. Talvez a casa fique bagunçada. Talvez interfira no trabalho. Pode até ser um pouco mais cansativo para os adultos. Mas é fundamental para a saúde mental da criança.

 

Por: Carol Primo Psi

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