Como ser uma boa mãe? Esse artigo busca refletir sobre como podemos definir o que é ser uma boa mãe. Uma definição nada fácil. Não somente porque o tema é complexo, mas também porque a resposta irá variar de acordo com o referencial que utilizarmos. Sendo assim, o referencial cultural, sócio histórico, biológico, psicológico, religioso, familiar, pessoal, determina visões diferentes sobre o que é ser uma boa mãe. Como somos seres multideterminados, possivelmente a ideia que cada um/a faz do que é ser uma boa mãe também é multideterminado.
Pensando nisso, é importante definir qual é o referencial usado nesse artigo.
Partimos de um ponto de vista estudado pela Psicologia e, especialmente, pela Psicanálise. Mesmo assim alertamos que não existe uma resposta final e absoluta. Temos, sim, alguns norteadores. Lembramos que nosso objetivo é estimular a reflexão sobre a própria experiência e não estabelecer padrões “fechados” e idealizados.
Se pudermos resumir o que define uma boa mãe, de definiríamos essa mãe como uma mãe amorosa. A mãe que ama seu/sua filho/a confere a ele/a algo que vai além dos cuidados básicos (que também são importantes). Essa mãe oferece a condição de amar e de ser amado/a. De suportar a frustração e o sofrimento. De suportar os “nãos” e de usufruir os “sins”. É a mãe que nutre com leite, com comida e, sobretudo, com afeto.
É preciso muito amor para suportar o ódio. Soa contraditório? Mas se pensarmos nos conflitos do dia a dia, nas birras e desobediências, na vontade de dormir um pouco mais, na necessidade de suportar o choro, etc., pensaremos que nem tudo é amor entre uma mãe e seu/sua filho/a. Por isso a ideia de que é preciso amor para não sucumbir à raiva, à agressividade. É preciso muito amor para permanecer, ao menos razoavelmente, presente e disponível.
É preciso amor para suportar as faltas e as ausências. É preciso muito amor para oferecer aquilo que muitas vezes é sentido como falta. Para acalentar quando precisa ser acalentada. Não falamos de uma mãe perfeita. Falamos de uma mãe suficientemente boa*. Que às vezes falha, mas que, sobretudo, ama e é capaz de transformar seu amor em ação. Uma mãe que, ao cuidar de seu/sua filho/a transmite a ele/a algo além do cuidado. Algo que temos dificuldade para definir em palavras, mas que chamamos de amor.
*Termo desenvolvido pelo psicanalista Winnicott.
Por: Carol Primo Psi