Carol Primo Psicóloga

Blog

Bagagens

Bagagens

Quando analisamos nossas vidas podemos identificar vários conteúdos psíquicos (lembranças, sentimentos, comportamentos) que fazem parte de quem nós somos, nossa história de vida. Entre esses conteúdos, existem aqueles que causaram ou ainda causam sofrimento, perdas, traumas. Também temos aqueles conteúdos que geram sentimentos felizes, de satisfação e conquistas.Somos a interação de nossa determinação genética, nossa história de vida e o meio em que vivemos.
 
Uma interação em que o resultado é mais do que a simples soma das partes.
Chamaremos esse resultado de “bagagem”. Aquilo que carregamos ao longo da vida. Que nos define em nossa individualidade.
 
Uma hipótese: mesmo que fosse possível que dois irmãos gêmeos idênticos (que compartilham o mesmo código genético) fossem criados exatamente da mesma forma, ainda assim provavelmente poderíamos observar pequenas diferenças de bagagem. Quer por pequenas diferenças orgânicas consequentes de variações do desenvolvimento fetal, quer pela forma como cada gêmeo hipotético lidaria com sua história de vida.

Qual a importância disso? Podemos pensar em uma série de desdobramentos. Com nossos filhos, pensamos na importância das experiências vividas por eles. Mesmo sendo impossível controlar tudo o que eles vivem e como reagem ao que é vivido, podemos perceber o quanto o papel dos pais e cuidadores é importante na vida deles. Mas nosso foco agora é nas nossas bagagens como pais. Além de fazer parte de quem nós somos, nossa bagagem influencia nossa experiência como mãe/pai. Influencia também como desempenhamos nosso papel como cuidadores.

Ter sido criado por um pai agressivo pode servir de modelo para uma postura agressiva diante dos filhos. A falta de segurança na relação com a mãe pode levar ao comportamento de superproteção dos filhos. Ter passado por situação de poucas condições financeiras pode levar à tentativa de compensar com o filho as necessidades da infância. Claro que esses são apenas exemplos simplificados. A complexidade da vida nos leva a experiências também complexas. Ser mãe/pai é também complexo.

Se fosse possível ler e colocar em prática o “manual definitivo da criação de filhos”, ainda assim, teríamos que lidar cada um com a própria bagagem. Poucas coisas na vida mobilizam tantos sentimentos quanto a relação com os filhos. Vivemos emoções inesperadas. Lembramos de coisas há muito esquecidas. Reagimos de formas que não imaginávamos que seríamos capazes. Não podemos simplesmente nos desfazer de nossa bagagem, mas podemos olhar para ela, tentar identificar o que está bom e o que está “sobrando” e perceber que cuidar da própria bagagem é um processo contínuo.

Por: Carol Primo Psi

Navegue pelo tema de seu interesse:

Comentários:

Seu e-mail não vai aparecer no comentário.