A amamentação está sendo muito incentivada nos últimos anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) indicam que o aleitamento materno deve acontecer até os dois anos de vida (para maiores informações: http://www.brasil.gov.br/noticias/saude/2018/05/oms-e-unicef-definem-orientacoes-para-promover-aleitamento-materno-em-unidades-de-saude). Essa indicação é baseada em dados que consideram diversos fatores ligados à saúde do bebê.
Qual a contribuição da Psicologia sobre esse tema? Tentaremos responder algumas questões.
O aleitamento materno é fundamental na relação mãe-bebê? O aleitamento materno não é a única forma da mãe e do bebê se relacionarem, mas é sim muito importante para essa relação. O contato pele a pele aproxima o bebê do cheiro da mãe e do som de seu coração, o que costuma acalmar o bebê. Também aproxima a mãe de seu/sua filho/a podendo significar momentos prazerosos para os dois. Além do leite, é um momento ótimo para a mãe dar amor e acolhimento, especialmente se conseguir que seja um momento só dos dois. Embalar o bebê nos braços e amamentar é um ato de amor que favorece o apego entre a mãe e o bebê.
A mamadeira prejudica a relação mãe-bebê? Não exatamente. A mamadeira não substitui o contato da boca do bebê com o seio materno, mas isso não significa que a mamadeira não possa ser dada com amor e acolhimento. Por isso, mesmo que o bebê já seja capaz de segurar a própria mamadeira, vale a pena dar a mamadeira embalando o bebê e deixando ele em contato com o corpo da mãe (ou quem a substitua). Ressaltamos que o aleitamento materno exclusivo é o melhor alimento para o bebê até os seis meses e que falamos no uso de mamadeira para os casos em que o aleitamento materno está impossibilitado (como por motivo de doença da mãe, por exemplo) ou para bebês que já não recebem amamentação materna.
Amamentar é difícil? Isso depende de muitos fatores como a idade gestacional em que o parto ocorreu, o estado de saúde da mãe e do bebê no pós-parto, a experiência da mãe, o estado emocional dela no pós-parto, as orientações que recebeu sobre amamentação e como sua rede familiar e social lida com a amamentação. Muitas mulheres ficam “assombradas” pelas experiências ruins que escutam de outras mulheres. Outras se sentem tão pressionadas para que ter sucesso que ficam ansiosas, o que acaba dificultando o aleitamento materno.
Algumas crenças populares também podem interferir negativamente (como dar outro alimento para complementar o aleitamento materno sem indicação médica porque “o leite é fraco”). Cada dupla mãe-bebê que nasce precisa desenvolver uma relação única, baseada no conhecimento mútuo. É como se a mãe e o bebê descobrissem aos poucos o ritmo da música que precisam dançar juntos. Nem sempre a amamentação dá certo na primeira tentativa. O importante é não desistir nem se apavorar logo de início e descobrir qual é a música a ser dançada.
Por fim, quando parar com o aleitamento materno? Do ponto de vista da OMS e da UNICEF já mencionamos que o aleitamento materno deve ser dado até os dois anos da criança. Do ponto de vista exclusivo da relação-mãe bebê, essa data pode variar. Em primeiro lugar é importante responder a seguinte questão: “Está bom para os dois?” Enquanto for um momento prazeroso para ambos, a amamentação fortalece o vínculo mãe-bebê.
Para crianças maiores, entretanto, é bom a mãe repensar a amamentação, pois pode se tornar um empecilho para o desenvolvimento da criança. Nesses casos vale a pena refletir quem não está querendo interromper a amamentação: a mãe ou a criança? O aleitamento materno é fundamental, mas tem sua própria fase para acontecer.
Por: Carol Primo Psi